Por Emanuel
Neri
Quem
acompanhou
as notícias sobre o Brasil nas duas últimas semanas, sabe que um furacão passou
pelo país. As manifestações ocorridas em praticamente todos os Estados
colocaram o país de cabeça para baixo. Muita coisa aconteceu no Brasil neste período - e muitas outras podem ocorrer.
Os protestos começaram
contra o aumento do transporte urbano, mas descambaram depois para outras
questões, como saúde, educação, combate à corrupção, segurança pública e reformas políticas. A
presidenta Dilma Rousseff foi uma das mais abaladas por este furacão de protestos que tomou conta do país.
Embora tenha saído a
campo, propondo cinco pactos para atender às reivindicações das ruas, Dilma foi
cruelmente massacrada pela mídia. É como se ela fosse a única responsável por
todos os problemas do país – e que estavam no foco dos protestos.
Alguns exemplos.
Transporte público é atribuição de prefeitos e governadores. Segurança pública
é com governadores. Saúde e educação são de responsabilidade de governadores e do governo federal. Mas o mundo
desabou nas costas de Dilma.
Foram dias e dias de
massacre da mídia em cima da presidenta da República. E esta artilharia pesada
não parou ainda. Mesmo os cinco pactos propostos por Dilma para enfrentar a
crise continuam sendo duramente atacados nos meios de comunicação.
O resultado de todo este
massacre é o desabamento da imagem de Dilma. Pesquisa feita pelo Datafolha no
calor dos protestos aponta que a aprovação da presidenta caiu mais de 25 pontos
– de 57% para 30%. A intenção de votos nela para a eleição de 2014 também caiu.
Mas a população apoia
grande parte das medidas sugeridas por Dilma para debelar a crise. O plebiscito
proposto por ela para que o brasileiro se manifeste sobre pontos da reforma
política tem o apoio de 68% da população. A mídia e a oposição não apoiam a proposta.
Este plebiscito serviria
para forçar o Congresso a mudar a cara política do Brasil. Deputados e
senadores, principalmente os mais conservadores, discordam de qualquer mudança
nas atuais regras do jogo. Não querem perder seus privilégios.
Um plebiscito poderia, por
exemplo, impedir que o financiamento de campanhas eleitorais continuasse a ser
feito por empresários. Este processo vicia o processo político, pois, quando o
candidato se elege, quem o financiou vai cobrar a fatura.
Para evitar esta
distorção, há setores políticos – inclusive do governo federal – que defendem o
financiamento público das campanhas eleitorais. Isso daria mais transparência ao
processo eleitoral. Mas a mídia e a oposição discordam da medida.
A presidenta Dilma enviará
ao Congresso na próxima semana uma relação de temas que podem ser objetos da
consulta no plebiscito. Uma delas é a troca do modelo de votação atual pelo distrital,
em que o deputado é votado só em determinadas regiões.
Há ainda a questão da
proporcionalidade do voto. Como o número máximo de deputados por Estado é 70 e,
o mínimo, oito, os eleitos dos Estados mais populosos, como São Paulo, precisam
de mais votos do que os de Estados menores, como o Acre, por exemplo.
Além do plebiscito,
Dilma também propôs medidas que foram imediatamente aprovadas pelo Congresso (foto).
Uma delas era a que destinava 100% dos royalties do petróleo para a educação. O
Congresso aprovou 75% para educação e 25% para saúde.
Outra proposta de
Dilma, a que qualifica a corrupção como crime hediondo – igual ao sequestro e estupro
– também foi aprovada. O crime hediondo não permite fiança para que o acusado
responda em liberdade. E as penas para prisão foram ampliadas.
Dilma já havia desonerado
impostos como o de óleo diesel – e pediu que os governadores fizessem o mesmo com outros componentes do transporte
público - para que as tarifas pudessem
ser reduzidas em todas as cidades. As tarifas já caíram.
É isso. A crise é de
todos – presidência, governadores, prefeitos, deputados e senadores. Mas parece
que só a presidenta Dilma vai pagar o pato pelo descontentamento da população. Tudo
isso por causa do tiroteio da mídia em Dilma.
Agora já não se
sabe mais qual será o desfecho da crise e nem mesmo da eleição presidencial de
2014, que até antes da crise caminhava tranquilo par a reeleição de Dilma. É
preciso esperar os próximos meses para saber o que vai acontecer com o Brasil.
Veja, abaixo,
links para entender melhor medidas aprovadas pelo Congresso, por sugestão de Dilma,
bem como a aprovação do plebiscito pela população. Veja ainda post deste blog
sobre os cinco pactos propostos por Dilma para acabar a crise.