Por Emanuel
Neri
Não
é todo dia que São Miguel do Gostoso recebe um
belo espetáculo de dança. Neste último final de semana, a Companhia de Dança
Contemporânea Giradança se apresentou na cidade em dois
momentos: uma oficina de dança, no sábado, e um belo balé, no domingo.
“Alguém
que não eu para falar de mim” (foto) é o nome do
espetáculo apresentado domingo à noite, no Colégio Olímpia
Teixeira. Pena ter havido problemas na divulgação – o carro de som que ia
anunciar o balé durante o dia não apareceu. Mesmo assim, muita gente
compareceu.
No
sábado à noite, o Giradança, que já tem dez anos e é
formado por 20 pessoas, fez uma oficina no Iasnin
para jovens bailarinos de São Miguel do Gostoso. O balé apresentado do domingo à noite,
com a participação de sete participantes, é coreografado por Anízia Marques, que dirige o Balé Cidade do
Natal.
Trata-se
de uma interessante coreografia. Mas o mais comovente do espetáculo apresentado pela Giradança
é a presença de bailarinos com algum tipo de deficiência física e visual. Dos
sete integrantes do balé, um é cadeirante, outro tem deficiência visual máxima,
um terceiro tem síndrome de Down e outra é anã.
É
emocionante ver o esforço destes jovens para se
superar no palco. O Girodança tem exatamente este objetivo – integrar na dança
pessoas que teriam alguma dificuldade de participar de espetáculos deste tipo.
Prova de que não há limites para a superação do ser humano, mesmo quando se trata de espetáculos de arte.
Você
consegue identificar três dos quatro bailarinos com algum tipo de
deficiência, mas um deles, a que tem deficiência visual, é difícil de reconhecer no palco. No
final do espetáculo, você fica se perguntando qual deles não enxerga absolutamente
nada. Pois ela é uma moça loira, com cabelo preso em tranças, uma ótima bailarina.
Giradança
é
patrocinado pela Cosern e pelo governo do Estado. Sua vinda a São Miguel do
Gostoso contou com o apoio da Prefeitura local. O Girodança percorreu oito
cidades do Rio Grande do Norte – a turnê foi encerrada com a apresentação do domingo. Antes se apresentou em Recife e Fortaleza.
Pousadas
como
o Albergue da Jangada e a casa de shows Spaço Mix, além de outros estabelecimentos
da cidade, colaboraram para hospedar e alimentar os bailarinos. Um morador da
cidade, André Gugelmin, que está viajando, cedeu sua casa para hospedar parte
dos bailarinos.
A
coreografia “Alguém que não eu para falar de mim”
aborda o relacionamento entre as pessoas – inclusive as relações afetivas, como
as decepções e sofrimentos com rompimentos amorosos. Mas a mensagem principal
que fica do espetáculo é o de “estar bem comigo mesmo”.
O
espetáculo é acompanhado por músicas belíssimas, como uma canção
do roqueiro americano Elvis Presley e outra
do brasileiro Marcelo Camelo (ex-Los Hermanos). Há ainda outras músicas, entre
elas um tango comovente. Frases soltas, ditas
pelos bailarinos, completam o espetáculo.
Pena
ter
havido problemas na divulgação do espetáculo. Trata-se de um acontecimento para
ser assistido por todos, com casa cheíssima. Este é o tipo de espetáculo que a cidade
inteira precisava ver, principalmente pela emoção de ver no palco exemplos de superação de pessoas com
deficiência.
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